Cerca de 20% a 30% dos atendimentos em unidades ambulatoriais e de emergência em pediatria, a febre em crianças é destacada como o principal sintoma.
Para auxiliar os profissionais pediatras a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) realizou um webmeeting aberto ao público no mês de outubro de 2021 com orientações a respeito do manejo do paciente pediátrico com febre.
No momento do evento houve a participação de vários especialistas onde discutiram os principais pontos e conceitos sobre o sintoma da febre e também houve o lançamento do documento científico “Manejo da Febre Aguda” ao qual foi a base da discussão. O Dr. Samir Buanain Kassar, membro do Departamento Científico (DC) de Pediatria Ambulatorial da SBP fez a moderação do evento.
O especialista, Dr. Tadeu Fernando Fernandes, conduziu a primeira palestra do evento abordardando os aspectos mais importantes sobre a condução da criança febril. Cuidadosamente ele explicou na palestra a definição, a fisiopatologia e as diferenças da febre com a hipertemia e também os métodos para o tratamento e por fim destacou que apesar do desconforto que o sintoma da febre gera nas crianças, os pais não se deve ter tanto medo assim da febre, mas conhecer é necessário, principalmente para ficarem atentos aos casos graves.
“É importante que os pediatras guardem essa frase: febre não é doença, é um sinal! Não fiquem na febrefobia da mãe e cuidado para não hipermedicar o paciente. O sintoma é nosso amigo pois o sistema imune inato, nossas defesas, está sendo ativado”, pontuou.
O presidente do DC de Infectologia da entidade, o Dr. Marco Aurélio Sáfadi, ressaltou na palestra que a febre nem sempre precisa de uma intervenção medicamentosa e que o sintoma pode contribuir com o combate de infecções.
“É perfeitamente possível uma observação da temperatura sem a necessidade imediata de intervenção. Acho sensata essa orientação e uso no meu dia a dia medicar a temperatura sendo guiado pelo grau de desconforto, do que pelo nível da temperatura”, explicou o especialista.
Ao final do evento os especialistas realizaram uma sessão de perguntas e respostas para o público tirar as dúvidas sobre o tema, referentes ao uso adequado de antitérmicos e formas de reduzir o desconforto provocado pela febre nas crianças.
O estudo mostrou que cerca de 70% das doses utilizadas pelos cuidadores estavam abaixo dadose mínima recomendada para o tratamento defebre. A administração de subdoses de antipiréticos e os valores de temperatura utilizados para odiagnóstico de febre, abaixo dos valores preconizados, e intercalar antitérmicos, sugerem falta deorientação dos cuidadores e “febrefobia”.
O estudo conclui que medidas educativas, que esclareçam a população sobre o que é a febre,quando e como tratá-la, poderão auxiliar no usocorreto dos medicamentos e evitarão a procuraexcessiva por consultas não programadas e atendimentos de emergência, além de reduzir riscosde sub ou superdosagem de medicamentos.
Fonte: SBP