Pesquisa da UFMG, em parceria com outras universidades federais do Brasil, ouviu mais de 6 mil pais de crianças e adolescentes no país e concluiu que a pandemia aumentou o uso de tecnologia nessa faixa etária.
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais divulgaram um alerta sobre as consequências danosas para crianças e adolescentes que abusam do tempo em celulares e tablets.
O celular é companheiro da Maria Flor desde que ela tinha um aninho. Aos quatro, ela ganhou o próprio aparelho e o grude só aumentou.
“Ela é tão viciada em celular que ela acorda e a primeira coisa que ela fala não é nem bom dia, é ‘cadê meu celu?’, de celular” conta Danilo de Almeida Barbosa, pai da Maria Flor.
E não é só a Maria Flor não. Uma pesquisa da UFMG, em parceria com outras universidades federais do Brasil, ouviu mais de 6 mil pais de crianças e adolescentes no país e concluiu que a pandemia aumentou o uso de tecnologia por parte dessa turminha. Cinquenta e um por cento responderam que os filhos passam mais de quatro horas por dia usando telas. Outros 24% ficam de três a quatro horas.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que as crianças com mais de cinco anos passem no máximo duas horas por dia diante de uma tela de celular; de dois a cinco anos, uma hora por dia. As menores de dois nem devem pegar em celular.
Diante da tela, o cérebro ativa um neurotransmissor chamado dopamina, responsável pela sensação de prazer. O problema é quando essa ativação ocorre com muita frequência. É o que ocorre com as drogas ou o álcool.
No caso do celular, a doença é chamada de nomofobia, a fobia de ficar sem o aparelho. E existem sinais. Observe, por exemplo, se a criança carrega o celular para todo canto, até para o banheiro, ou se fica agressiva ou ansiosa quando está sem celular.
A neuropediatra e responsável pela pesquisa, Liubiana Arantes, explica que essa dependência pode prejudicar a formação do cérebro para sempre.
“O cérebro nessa idade ele está amadurecendo, e esse amadurecimento vai depender tanto da genética da criança, mas também das experiências que ela vive no dia a dia. Se essas experiências estão restritas a um aparelho de telefone, esse cérebro não vai conseguir amadurecer de forma plena e saudável. As áreas do cérebro que não serão formadas no período que precisariam ser formadas, elas não vão formar posteriormente. Então, vai ter um prejuízo irreversível nesse amadurecimento cerebral”, explica a neuropediatra Liubiana Arantes de Araújo.
O estudante Guilherme Martins Araújo tem 15 anos e já foi viciado em celular. Ele conta que hoje conseguiu diminuir a dependência incluindo outras atividades na rotina: “Hoje eu corro, faço ginástica, faço educação física e percebi que o esporte pode ser bem melhor para mim.”
Fonte: G1